segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

A ponte


Hoje encontrei uma ponte fechada.
Vim a descobrir mais tarde que já se encontrava fechada desde 1982. O ano em que nasci. Não sei, nem compreendi, mas, algo nela me atraiu. Caminhei sobre ela e parei onde acreditei ser o seu meio. Acendo um cigarro e tento apreciar a cidade. O seu rio. Os seus prédios, casas e movimento.
Relembrei os meus amores nesta cidade, para perceber que não tive nenhum na verdade. Meti os auscultadores nos ouvidos e a Casta Diva, da Opera de Norma invadiu-me a mente. Aumentei o volume e tu correste ao encontro das minhas memorias. Com um vestido vermelho tu apareceste na minha alma enquanto a musica mudava para Perfídia de Xavier Cugat.
Perguntei-te se querias dançar comigo, ao que tu respondeste que não!
Que, apenas, me querias beijar.
Sem dar por mim esbocei um sorriso sincero e desejei mais de ti.
Sem exigir, quero-te seguir. Sem pedir, quero estar contigo, e, sem questionar, quero amar-te.
Deito o cigarro fora e vejo-o a cair. Este vento quente estranho de Inverno corre pelo meu corpo.
Caminho e deixo a ponte para trás.
Siboney de Connie Francis dança nos meus ouvidos.
Hoje, cinema, meu amor?

1 comentário:

Kitiara disse...

Sabes... estive a andar pra tras neste Blog e a ver o que tinhas escrito anteriormente. E apesar de ter gostado muito do "Sete anos", percebi que este se identifica comigo. Nao vi uma ponte, no outro dia. Vi uma casa, fechada desde 1982, em Leça da Palmeira, onde cresci. Mas o que me tocou mesmo foi a frase: "que apenas me querias beijar". O "apenas" desta frase mostra tudo tao facil, e as vezes e tao dificil dize-la... Bem, ignora as divagacoes, e parabens mais uma vez. Beijinho