domingo, 30 de março de 2008

Suspira! Respira! Sente!


Não fumo, mas bebo.


Bebo, porque em cada gole que dou relembro um momento que ainda não vivi contigo. O gira discos toca alto o suficiente para eu não conseguir ouvir mais nada. Fecho os olhos e dou mais um gole, com que faz tu apareceres. Não quero imaginar como vens vestida. Isso, deixo ao teu critério. Não sei... se calhar irei beijar-te pela primeira vez num concerto, no metro, na rua ou apenas próximo de uma parede, numa qualquer rua. Só sei que neste momento estamos no meio de um concerto. Toda a gente salta e dança ao som da musica, mas, nós, estamos a olhar um para o outro. Não adoras aqueles pedaços de tempo, onde os nossos olhares se podem prender um no outro que parecem durar uma eternidade?


O calor.


Suspira! Respira! Sente!


A bateria toca cada vez mais alto, que faz com que pedaços do meu coração vão caindo até ficares só tu nele.


Bato palmas, e o concerto desaparece para dar lugar ao mar, que entra violentamente pelas portas do recinto. Não nos magoa. Não nos toca.

Apenas, nos envolve completamente.

Apenas, nos massaja o corpo.

Todas as pessoas se transformam em seres do mar.

Meu amor, que seres desejas tu que apareçam? Isto aqui não sou eu. Somos nós!

Mais um gole, e o mar transforma-se no nosso jardim.

Tudo sinto.

Tudo vejo.

Suspira! Respira! Sente, e voltamos ao concerto.

Tudo se mexe em câmara lenta, pois os melhores momentos são para ser vividos lentamente, como se estivéssemos a saboreá-los.

A nossa banda sonora? Sim. É mesmo dela que se trata este concerto.

Dou um gole e no meu ser ficam as nossas musicas.

Como dizia alguém, a vida é demasiado curta para sermos parvos para com ela, por isso só posso dizer que sabes a certo, e a certo irás saber.

Pouso o copo.

Abro a porta e parto a tua procura.

Suspira! Respira! Sente-me!

Não te preocupes, hoje sei muito mais do que sabia ontem.

Eu irei encontrar-te e tu a mim.











Texto por: Daniel Lopes

Trabalho por: Daniel Lopes inspirado numa foto de Helga Romero, tal como ela me inspirou para este texto. ;)

sexta-feira, 28 de março de 2008

The Kills - High Fidelity













High Fidelity Recomenda:



Artista: The Kills



The Kills, ou seja, a vocalista Alison «VV» Mosshart e o guitarrista Jamie «Hotel» Hince, vêm ao Porto apresentar o novo álbum, The Midnight Boom.


Tudo acontece no dia 12 de Maio na Casa da Música, no fantástico evento que é o Clubbing.

Este é já o terceiro concerto desta banda no nosso pais, tendo sido o primeiro no Sudoeste e depois em Paredes de Coura.

O preço do bilhete para o Clubbing será de 15 euros, mas lembrem-se que não é só The Kills a que terão direito. Juntamente com The Kills estarão os The Whip e todos os outros eventos dentro do Clubbing.



E é com o novo single desta fantástica dupla The Kills que vos deixo:


http://www.youtube.com/watch?v=w3fZP7QC4PE



Enjoy!

segunda-feira, 24 de março de 2008

Cartas de Guerra


Meu amor.



Desço pelas escadas do meu interior e dou comigo mais uma vez perdido. Perdido parece ser o meu destino pois tudo que eu era foi arrancado da minha alma.

O ser humano tem o dom incrível de começar a amar algo numa piscina de duvidas e dores quando já perdeu algo. Mesmo quando se encontra numa encruzilhada e vê diante de si a possibilidade de voltar a ter tudo que teve. De voltar a ser o que era, dá consigo mesmo a seguir o mesmo caminho errado.
E todos estes pontos. Todos estas silhuetas estão a tornar-me na pessoa que hoje em dia não quero ser.
Frio. Irracional. Incompleto... e sobretudo negro.
E isto tudo porquê?
Porque algo foi arrancado de mim. Algo ainda incerto.
Acordo todos os dias com raiva no meu olhar e uma bola negra de ódio dentro de mim que vai crescendo e crescendo.
Não a queria.
Não a desejo... mas, a verdade é que ela é neste momento o meu nirvana.
Compreende que escrevo esta carta para ti no meio de uma poça de lama misturada com o meu sangue. A minha volta só os corpos dos meus amigos de quem já fui e quem nunca virei a ser.
A bala alojada no meu peito grita-me que não tenho muito mais tempo. Por isso, enquanto as balas passam sobre a minha cabeça, posso dizer-te que nunca vivi com medo, sempre observei e até hoje só olhei para ti.
O tempo vai mudando no céu.
Vem ai uma tempestade e eu já não estarei aqui para desfrutar dela.


Com o meu ultimo respirar despeço-me de ti, mas, nunca direi adeus.








Texto por: Daniel Lopes

Imagem por: Desconhecido

terça-feira, 11 de março de 2008

High Fidelity - Bat for Lashes


High Fildelity Recomenda:






Artista: Bat for Lashes





Bat for Lashes, é o trabalho da artista/cantora inglesa Natasha Khan.
É do meu agrado tropeçar em grandes vozes e a musica que Natasha Khan traz é sincera, visual e no mínimo perfeita.
Fur and Gold é o seu primeiro álbum, e a acompanhar o álbum conseguimos perceber o quanto a letra de cada musica é identificado por situações que todos nós já passamos. Não se tratar de uma artista que fala para o seu umbigo, mas sim, de uma cantora que sussurra palavras frias ao nosso ouvido. Mas, todas essas palavras fazem-nos sonhar e viver.


Aqui vos deixo o Link para o primeiro single deste disco:

http://www.youtube.com/watch?v=n1wnOUH2jk8


Também recomendo seriamente uma visita ao site desta artista. Excelente.

http://www.batforlashes.com/

Enjoy.

terça-feira, 4 de março de 2008

Sete Anos


Tremo.
Rasgo a carne da pele com as minhas próprias unhas. Encostado neste beco cheio de engodo mutilado grito por alguém... por algo.
Mas ninguém vem.
Nunca ninguém veio.
Fecho os olhos e recordo. Vejo o dia em que tudo começou. No dia em que a minha queda teve inicio. As portas do sótão batem freneticamente ao sabor do vento.
Sete anos atrás... sete anos sem comer nem dormir. No sonho as portas do sótão param repentinamente de bater. O vento deixa de soprar.
Tudo isto num piscar de olhos.
Caminho num corredor. Não agora. Passado. Sete anos atrás. Caminho lentamente. A pele dos dedos da minha mão raspam suavemente nas paredes. A luz do candeeiro começa a tremer até que apenas pisca, deixando aquilo que eu vejo como se pequenos flashes de fotografia se tratasse. Chego ao fim do corredor e olho para o topo das escadas onde se encontra o sótão.
A porta fechada.
Ouço o rosnar de um cão. Estranho... nunca tivemos cães nesta casa.
Olho para trás. Para o corredor. Nada.
Estranho.
A luz volta ao normal.
Os pelos dos meus braços começam a levantar. Ar frio começa a entrar nos meus pulmões. Sinto o tempo a parar.
Moscas começam-se a aglomerar-se a volta do candeeiro. O barulho é estonteante.
Começo a ficar tonto. Algo se passa aqui.
O rosnar não desaparece. Como se estivesse dentro da minha cabeça.
Tento segurar-me contra a parede, mas, no momento em que toco nela ouço algo, e tudo o resto desaparece.
São... risos.
Risos de crianças.
Sombras começam a aproximar-se. Elas correm. Tem a forma de crianças. Olhos amarelos começam a aparecer por todo o corredor, e a tapar toda a luz que havia. As moscas continuam ali, coladas ao candeeiro.
Nos ouvidos só sinto o barulho do meu coração.
As sombras aproximam-se mais.
Param por momentos a olhar para mim. Envolvem-me. Observam-me, até que passam por mim, como se eu não fosse importante. Como eu conseguir ver-las não é importante.
Mas... agora percebo! Elas não estão preocupadas comigo.
Estão, sim, é preocupadas em ver quem é a primeira a chegar ao sótão.
Como tudo se tratasse apenas de uma brincadeira para elas.
Subo as escadas em direcção ao sótão. Os degraus rangem com cada passo meu. Parece que choram, como, se o meu peso as magoasse.
Estou descalço. Foi assim que sai do meu canto.
Sinto algo húmido.
Olho e vejo que os degraus sangram. Sangue escorre deles.
Sangue!
Mesmo antes de conseguir gritar a porta do sótão abre abruptamente e de lá alguém começa a assobiar.
Chama por mim.
Sinto-o.
Não diz o meu nome, mas chama por mim.
Subo até ao topo ignorando o que já vi e o que já me aconteceu.
Espreito pela porta e vejo pelo sótão inúmeras crianças a brincar.
Algumas jogam com dados, outras com carros. Nove crianças no total. Todas diferentes mas todas com o mesmo brilho amarelo nos olhos.
Onde é que eu estou?
No momento em que pouso o pé no sótão, todas param e olham fixamente para mim.
Silencio.
Mais silencio.
Silencio para depois se tornar em algo insuportável. Todas começam a gritar. Todas abrem a boca como se fossem de elástico. Som de mil e uma crianças em sofrimento a gritar. Os meus ouvidos começam a doer, e a minha cabeça a latejar.
Mas não fecho os olhos, e reparo que uma por uma as crianças vão desaparecendo e tornando-se em pó.
Que sonho é este?
Algo me toca.
Uma grande dor no peito. Começo a chorar, e ai, sinto uma voz ao meu ouvido.
- Não chores.
Esfrego os olhos e olho para aquele que falou comigo.
Ele... sou eu! Tal e qual.
Pergunto incrédulo.
- Quem és tu?
Ele responde com um sorriso nos lábios.
- A tua alma... já devias saber isso.
- A minha alma?... – pergunto como se estivesse a ter dificuldade em acreditar no que acabei de ouvir. - ..mas isso, quer dizer que eu estou...
- Morto!? – acaba ele a minha pergunta.
Não consigo pensar em nada, quanto mais perguntar. A minha alma estica-se e pega na minha mão.
- Anda. Vou-te mostrar.
Num piscar de olhos encontro-me no meu quarto, e vejo o meu corpo deitado no meio de lençóis encharcados de sangue.
Olho para a minha alma e ela com um sorriso estala os dedos.
O tempo, os acontecimentos e os momentos começam a andar para trás.
Tudo fica enublado. Cinzento. Quero saber quem me fez isto. Quem me matou.
Que mal fiz eu?
Aperto a mão à alma e tempo para e vejo tudo. Sinto tudo.
Durmo. Um sorriso esta desenhado na minha face. Era feliz eu.
De repente a luz do quarto acende-se. O meu pai entra.
Pai!?
Ele tem um machado nas mão. Caminha lentamente até a beira da minha cama. Senta-se e esconde o machado atrás da perna.
Vejo tudo como de um filme se tratasse. Mas não o é.
É a minha morte!
Olho para o meu pai. Para o seus olhos negros e sem fundo.
Ele abana a perna do meu “eu” que descansa suavemente na cama. Acordo a esfregar os olhos.
- Pai?
O meu próprio pai levanta-se e fica a olhar para mim. Para o meu “eu”. Vejo o medo que trepa na minha face na altura que o meu pai levanta o machado.
Ouço o que ele me diz antes de enfiar o machado no meu peito.
- O teu tempo aqui, connosco, foi apenas... uma perda de tempo.
PAM!
O machado é espetado no meu peito. Nunca tive hipóteses. Agarro o meu peito e fecho os olhos.
Choro, choro até não haver mais agua neste ser que sou agora.
O que sou eu?
Que ser sou eu?
O humano... a carne humana está morta na cama, enquanto o meu próprio pai retira o machado do meu peito.
A minha alma encontra-se ao meu lado a mostrar quem eu fui, e, como morri.
Quem sou eu?
Grito, e parto com o grito até ao sótão novamente.
A alma fixa-me e mesmo antes de eu perguntar ela diz.
- Quem és?
Soluço por entre o meu choro – Sim? Quem... sou eu? O que sou?
- Apenas uma perda de tempo – responde ela.
Morro.
Uma e outra vez.
Sete anos se passaram. Neste tempo mais duas almas se juntaram no sótão.
Sozinho neste meu canto, grito todos os dias, mas, nunca ninguém vem.
Nunca virão.
Na casa ouço os passos do caminhar da minha mãe. Ela entra na sala onde se encontra o meu pai a beber e a ler perto da lareira.
Ela sorri, e eu sinto ódio.
Daqui tudo vejo. Daqui tudo sinto.
O meu pai pousa a bebida e olha para ela.
Um riso miudinho sai dentro dela antes de falar.
- Querido... estou grávida!
Ele sorri. Dá um gole na bebida e levanta o copo para a minha mãe e diz triunfante.
- Só espero que desta vez valha a pena.
Sete anos mais tarde mais um criança se juntou no sótão.
Sete anos... a idade que eu tinha.

Fim
Texto por: Daniel Lopes

Nine Inch Nails - High Fidelity


High Fidelity


Artista: Nine Inch Nails


Vimos por mais uma vez falar aqui da banda Nine Inch Nails, mas pura coincidência na verdade. Desta vez apresentamos o novo álbum da mítica banda com o titulo de Ghosts I - IV.

Ou seja, trata-se de um álbum unicamente instrumental onde os quatro CDs abrangem mais de 30 temas.

O CD já se encontra para encomenda a partir do site http://www.nin.com/ e tem apenas o custo de 5 dollars.
Todos os temas foram gravados em apenas 10 semanas.
Mas deixo Trent Reznor explicar pelas suas palavras o que realmente se passa com este novo passo da banda:
"I've been considering and wanting to make this kind of record for years, but by its very nature it wouldn't have made sense until this point. This collection of music is the result of working from a very visual perspective - dressing imagined locations and scenarios with sound and texture; a soundtrack for daydreams. I'm very pleased with the result and the ability to present it directly to you without interference. I hope you enjoy the first four volumes of Ghosts."
Enjoy.